O NIRVANA DO CORAÇÃO

Tentando compreender e encontrar o Mestre Buda, coloquei meus pés na antiga Índia. Segui os seus passos, caminhei pelas florestas que ele andara e meditei sob a árvore onde ele alcançara sua iluminação. Mas ainda assim, não compreendi sua paz de espírito.

Abandonei tudo o que tinha. Deixei casa, esposa, familia e amigos pra trás. Livrei-me de minha roupas, posição social, dinheiro, e junto com os ascetas percorri às ruas e campos, nu como vim ao mundo. Mas ainda assim não compreeendi seu desapego. Jejuei, passei fome. Aprendi a alimentar-me de luz e prana. E só saciei minha sede com a água da chuva.
Mas ainda assim não compreendi a fartura do seu olhar que alimenta e nutre os famintos da alma. Então, um dia, já cansado de tentar entendê-lo, caminhei sem rumo e avistei em meu caminho um pássaro ferido, piando de dor. Sua asa esquerda estava ferida e ele não conseguia voar.

Esqueci do meu caminho e coloquei minha busca de lado, dedicando todo o meu tempo para cuidar e tentar curar o pobre animal. Alimentei-o, cuidei de suas asas, e em pouco tempo o vi forte e pronto para voar. E a medida que o soltei e o vi voando livremente pelo céu, pensei em Buda e enfim compreendi o seu sorriso.

Naquele momento, atingi o Nirvana * de ser útil ao próximo, quer seja pássaro, quer seja homem, e me livrei de todo o sofrimento, percebendo que ele existia por causa da minha ignorância em acreditar que só compreenderia e atingiria o meu encontro com Buda se seguisse os passos de outro homem.

E foi seguindo os meus próprios passos e ajudando um passarinho, que compreendi que o seu sorriso, a sua fartura no olhar, o seu desapego e paz de espirito vinham do ato de cuidar e ensinar pássaros caídos de que eles poderiam voar novamente pelo céu do Nirvana em seus corações.

Om Mani Padme Hum.**

- Frank - ***
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* Nirvana (do sânscrito): Consciência cósmica; União com o TODO.
** Om Mani Padme Hum (do sânscrito): "Salve a jóia no lótus". É o mantra da compaixão do bodhisattva Avalokitesvara no Budismo Tibetano. Bodhisattvas (do sânscrito) são aqueles seres bondosos que estão perto de tornarem-se Budas (Iluminados). Para facilitar a explicação, digamos que eles são canais espirituais (avatares) conscientes do amor de todos os Budas.

QUATRO CANTOS

Na aridez do deserto, dancei com Krishna;
Nas margens do Ganges, rezei a Alah;
Caminhando pelas muralhas da China, agradeci a Jesus;
E nas terras do Brasil, a Buda ofereci meu cantar.

E assim sigo pelos quatro cantos do mundo;
Aprendendo que Ele está em nós,
Ele está em tudo; Sem religião e com todas
ao mesmo tempo em conjunto;
Sabendo que todos nós somos Uno.

Somos todos um Só!

- Frank -
Sinai (Egito)


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