27 - FLORES E JÓIAS SUTIS

Hamendras estava muito confuso. Seu mestre, Ram Gopal, havia partido para o mundo espiritual e, antes de sair do corpo, disse-lhe:

"Ensinei a você tudo o que eu sei. Não fique triste com a minha partida. Você bem sabe que o traço característico da existência terrestre é a impermanência. Vivemos sob os auspícios da Mãe Terra apenas por um tempo, mas logo o Pai Espiritual requer nossa volta para o plano estelar. Vim para a Terra, vivi a experiência humana, trabalhei as emoções, quebrei o ego e equilibrei-me na consciência serena. Agora, volto para a natureza extrafísica surfando nas ondas luminosas do Amor Supremo. Quando se lembrar de minha passagem pela Terra, não faça cultos ou devoções místicas em minha homenagem. Vá até o jardim mais próximo e veja as flores desabrochando. Elas são minhas irmãs. Observando-as, transformará sua saudade em alegria. Perceberá que também desabrochei na vida terrestre e espalhei entre os homens beleza, perfume e cores espirituais.

Por favor, sinta-se bem e siga seu caminho com discernimento, amor, alegria e paciência. Voarei agora para casa, pois o Senhor me espera em seu jardim espiritual. Ah, não se esqueça do nosso ensinamento mais importante: sempre erga a mente além das ilusões dos sentidos e abra o coração em agradecimento ao Amor Maior que é a Luz de todos nós. Quando agradecemos com sinceridade, quebramos o ego e ficamos plenos de alegria transcendental.

Fique em paz, meu filho. Seja querida flor e desabroche as pétalas de luz do seu coração entre os homens."

Hamendras tinha a clarividência desenvolvida e viu o momento em que Ram Gopal desprendeu-se da carcaça física. A seguir, cremou o corpo de seu guru e foi meditar. Sentia-se estranho, dividido. Parte dele queria desprender-se do corpo e seguir o mestre, mas parte dele sabia que tinha um tempo a cumprir na Terra.

Procurando equilibrar-se, lembrou-se de uma prática espiritual que o mestre lhe ensinara. Concentrou-se no chacra frontal e encheu o centro interno da testa de suave luz. A seguir, deslizou a consciência até o meio interno do peito e visualizou uma linda flor em botão. Suavemente, começou a desabrochá-la com pensamentos de paz e amor. Camada por camada, as pétalas foram se abrindo. Para a surpresa de Hamendras, surgiu, bem no centro da flor aberta, uma brilhante jóia. Usando o coração como veículo, a jóia comunicou-se sutilmente com ele, pela via das percepções espirituais, e disse-lhe:

"Sou Ananda, a jóia espiritual. Vejo que Ram Gopal ensinou-lhe muito bem. Mas ele era apenas seu mestre externo. Sua função era ensiná-lo como chegar até meu brilho. Agora que me achou em seu próprio peito, cesse a busca externa e a tristeza. Sempre estarei aqui. Quando quiser, é só fazer a flor abrir que surgirei bem no centro dela. E seguindo as intuições que lhe darei, será uma linda flor entre os homens. Eles não perceberão nosso brilho, mas espalharemos juntos a beleza, o perfume e as cores espirituais. No devido tempo, iremos nos juntar a Ram Gopal nos belos jardins do Senhor, além das luzes da Terra. E aí, meu querido, brilharemos mais e para sempre..."

Desse momento em diante, Hamendras iluminou-se e tornou-se o mestre das flores. Quando alguém perguntava qual era a origem do brilho de seus olhos e de seu sorriso, ele apenas dizia:

"É que mora uma jóia dentro do meu coração, e também porque um dia Ram Gopal ensinou-me a sempre agradecer ao Amor Maior e ser uma flor entre os homens."

OM TAT SAT!

- Wagner D. Borges -
(São Paulo, 29/05/98)
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Texto <27><29/06/1998>

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