CARTINHA DA ALEGRIA

Fui a um parque de diversões e entrei na roda gigante.
Lá estava um menino feioso, com ar maligno.
Seu nome era Orgulho.
Ele estava de olho nas criancinhas, pois sabia que, um dia, elas seriam adultas.
Se ele as corrompesse agora, plantando nelas o vírus do orgulho, colheria, no futuro, um monte de adultos insanos.

Era preciso pará-lo, mas eu não sabia como.
Ele era o poderoso Orgulho e eu uma simples criança.

Ele existia há tanto tempo na Terra e eu, somente há alguns poucos anos.
Ele sempre vencia todo mundo e eu era somente uma criança.

Oh, meu Deus! Como eu gostaria de ser adulto para saber o que fazer!
No entanto, de que isso adiantaria? Todos os adultos que conheço são orgulhosos e parecem não ter cérebro nem ética.

De súbito, uma voz ecoou dentro da minha cabeça. Parecia vir de dentro e de fora ao mesmo tempo. Era como um sussurro, mas tinha a potência de um trovão.

Era ao mesmo tempo meiga e forte. Sem dúvida, porque era verdadeira.
Disse-me que além da própria vida, existia um lugar onde as pessoas eram sábias e não tinham o vírus do orgulho.

A experiência havia lhes ensinado que ele não era o melhor caminho.
Esse lugar chamava-se "Cidade da Alegria" e se situava no espaço espiritual acima do mundo.
Disse-me que é para lá que vão as boas pessoas quando morrem.

Essas pessoas são aquelas que dominaram o orgulho durante a própria vida.
Perguntei àquela voz misteriosa por que estava me falando tudo aquilo.

Ela respondeu-me que eu era o futuro e que, se fosse devidamente orientado, poderia ser uma boa pessoa, sem orgulho.
Se durante a vida eu trilhasse o caminho do bem e da humildade, encontraria no espaço a "Cidade da Alegria" e poderia morar lá um dia.

Disse-me que a melhor maneira de enfrentar o orgulho era sempre me considerar um eterno aprendiz da vida.
Que eu deveria respeitar as leis da natureza e procurar me harmonizar com elas.

Pediu-me para que contasse para todas as crianças o conteúdo dessa conversa.
Raciocinei bem e achei que seria melhor escrever esta cartinha da alegria.
Pode ser que algum adulto também leia e se esforce para vencer o próprio orgulho.
Nunca é tarde para mudar o próprio rumo.

Basta ser honesto consigo mesmo e jogar bem limpo em todas as situações.
Em outras palavras, tentar ser adulto nas opções de vida, sem se esquecer da criança que mora no próprio íntimo.

É nessa parte interna de cada um, nicho da alegria cósmica, onde mora a eterna criança que brinca, corre e sorri, pois está ligada à "Cidade da Alegria".
É só a criança interna que consegue vencer o orgulho.

É nela que está a alegria de viver e a fonte do sorriso.
Se todo adulto soubesse disso e deixasse a criança interna se manifestar, como o mundo seria melhor!

Bem, apesar dos pesares e do menino Orgulho continuar caminhando por aí, meu recado está dado e esta cartinha está chegando ao fim.
Ainda bem que pude escrevê-la.

Não é sempre que uma criança interna consegue vencer, por momentos, o seu adulto e deixar o seu recado numa simples cartinha cheia de alegria, em nome da "Cidade da Alegria".

P.S. Nem preciso dizer que a voz misteriosa é de um certo barbudinho bondoso que viveu na Galiléia há dois mil anos e que era a criança interna em pessoa.

- Vidigal -
Cia. do Amor - (A Turma dos Poetas em Flor)

(Recebido espiritualmente por Wagner Borges – São Paulo, 23 de agosto de 1992).


PS: Em nome da criança interna e da "Cidade da Alegria"!

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