AMANHECEU NEVANDO
- Por Frank -
Hoje amanheceu nevando e deu uma vontade de ficar em casa e não ir trabalhar; então liguei para o chefe e usei a primeira desculpa que me veio à mente: “Desconfio que estou com a gripe suína!”
O fato de morar numa área com vários casos confirmados de gripe ajudou a convencer o patrão, que disse que eu não me preocupasse com nada, pois o mais importante era que eu me recuperasse, sem saber que eu tinha noção que ele queria mesmo era distância do funcionário infectado.
Fiquei um pouco com remorso de usar a desculpa da gripe, mas aquele não era um dia comum; aquela neve que caía e aquele quintal branquinho convidavam ao ócio e à reflexão – e cada um usa a desculpa que pode. Como eu não podia matar a mãe ou o pai - afinal, todos sabiam que eu era órfão -, só me restou a desculpa do vírus.
Hoje amanheceu nevando e deu uma vontade de ficar em casa e não ir trabalhar; então liguei para o chefe e usei a primeira desculpa que me veio à mente: “Desconfio que estou com a gripe suína!”
O fato de morar numa área com vários casos confirmados de gripe ajudou a convencer o patrão, que disse que eu não me preocupasse com nada, pois o mais importante era que eu me recuperasse, sem saber que eu tinha noção que ele queria mesmo era distância do funcionário infectado.
Fiquei um pouco com remorso de usar a desculpa da gripe, mas aquele não era um dia comum; aquela neve que caía e aquele quintal branquinho convidavam ao ócio e à reflexão – e cada um usa a desculpa que pode. Como eu não podia matar a mãe ou o pai - afinal, todos sabiam que eu era órfão -, só me restou a desculpa do vírus.
Porém, algo estranho começou a ocorrer: passei a sentir meu corpo quente, coloquei o termômetro e quase caí da cama: a febre estava acima de 39ºC. Faltava apetite, sentia dores musculares e muita tosse. Para piorar, começou o catarro, uma dor na garganta, vontade de vomitar e uma diarréia bem forte.
Consultei o Dr. Google, e ele me dizia que tudo o que eu estava sentindo tinha cara de gripe suína. Daí, enlouqueci. Eu não sabia se o surto também era sintoma, mas saí de casa em direção ao hospital, rezando a Deus para tudo aquilo ser apenas um susto, um efeito placebo ao contrário, fruto da minha insensatez em usar aquela desculpa para matar o trabalho.
A fila no posto era de dar pena, ou seja, eu tive que voar dali e ir para outro lugar, que também tinha uma fila gigantesca. O pior é que nevava lá fora, e eu nem conseguia aproveitar aquele dia único, pois passei todo o resto do dia de hospital em hospital, até que fui atendido e internado imediatamente.
No leito do hospital, com a máscara na cara, olhei a neve caindo do lado de fora da janela e tudo o que mais desejei foi estar no escritório trabalhando, qualquer lugar, longe daquele mundo branco.
Dormi; e quando acordei, estava de volta em casa, na minha cama. O alarme tocou, me lembrando que tudo tinha sido apenas um sonho frio de uma noite de inverno.
Lá fora, a neve caía, como tinha sido no sonho, mas não pensei duas vezes; tomei um banho, vesti minhas roupas, coloquei o casaco e saí pelas ruas, feliz, por mais um dia de trabalho.
São Paulo, 25 de julho de 2009.
- Nota de Wagner Borges: Frank é o pseudônimo do nosso amigo Francisco de Oliveira, participante do grupo de estudos do IPPB e da lista Voadores. Depois de vários anos morando em Londres, ele voltou a residir em São Paulo, em fevereiro de 2005.
Ele escreve textos muito inspirados e nos autorizou a postagem desses escritos.
Há diversos textos dele postados em sua coluna da revista online de nosso site e em nossa seção de textos periódicos, em meio aos diversos textos já enviados anteriormente. www.ippb.org.br – Outros textos podem ser acessados diretamente em seu blog na Internet: http://cronicasdofrank.blogspot.com
Consultei o Dr. Google, e ele me dizia que tudo o que eu estava sentindo tinha cara de gripe suína. Daí, enlouqueci. Eu não sabia se o surto também era sintoma, mas saí de casa em direção ao hospital, rezando a Deus para tudo aquilo ser apenas um susto, um efeito placebo ao contrário, fruto da minha insensatez em usar aquela desculpa para matar o trabalho.
A fila no posto era de dar pena, ou seja, eu tive que voar dali e ir para outro lugar, que também tinha uma fila gigantesca. O pior é que nevava lá fora, e eu nem conseguia aproveitar aquele dia único, pois passei todo o resto do dia de hospital em hospital, até que fui atendido e internado imediatamente.
No leito do hospital, com a máscara na cara, olhei a neve caindo do lado de fora da janela e tudo o que mais desejei foi estar no escritório trabalhando, qualquer lugar, longe daquele mundo branco.
Dormi; e quando acordei, estava de volta em casa, na minha cama. O alarme tocou, me lembrando que tudo tinha sido apenas um sonho frio de uma noite de inverno.
Lá fora, a neve caía, como tinha sido no sonho, mas não pensei duas vezes; tomei um banho, vesti minhas roupas, coloquei o casaco e saí pelas ruas, feliz, por mais um dia de trabalho.
São Paulo, 25 de julho de 2009.
- Nota de Wagner Borges: Frank é o pseudônimo do nosso amigo Francisco de Oliveira, participante do grupo de estudos do IPPB e da lista Voadores. Depois de vários anos morando em Londres, ele voltou a residir em São Paulo, em fevereiro de 2005.
Ele escreve textos muito inspirados e nos autorizou a postagem desses escritos.
Há diversos textos dele postados em sua coluna da revista online de nosso site e em nossa seção de textos periódicos, em meio aos diversos textos já enviados anteriormente. www.ippb.org.br – Outros textos podem ser acessados diretamente em seu blog na Internet: http://cronicasdofrank.blogspot.com