PELA METADE
- Por Frank -
Poderia ter sido a noite perfeita, se não fosse por ela.
Tínhamos a lua refletida no lago à nossa frente, estrelas, música e uma grande sintonia.
Ela era fantástica, espirituosa, bem humorada, inteligente, sensual; mas não sentia atração física por mim.
Poderia ter sido a noite perfeita, se não fosse por ela.
Tínhamos a lua refletida no lago à nossa frente, estrelas, música e uma grande sintonia.
Ela era fantástica, espirituosa, bem humorada, inteligente, sensual; mas não sentia atração física por mim.
Sei que parece clichê, mas ela só queria minha amizade e ignorava, ou fingia não entender, o meu "querer algo mais".
Ela queria minha companhia, mas não meus carinhos; queria minhas palavras, mas não sentir os meus toques. Poderíamos ter sido os melhores amigos do mundo, se eu tivesse enxergado nela algo mais que uma mulher.
Culpava a solidão, amaldiçoava o fato de que eu não era um Mel Gibson ou qualquer um desses atores, modelos, rostos de capa de revistas, que embora vazios feito toco, encantavam, atraiam e tiravam dos pobres mortais as chances de felicidade ao lado de mulheres como aquela moça, que na calada da noite mais romântica de minha vida, me dava um fora.
Culpava a moça; afinal, se não queria nada, porque aceitara ir ate aquele lugar. Fingia não entender, ignorava a lembrança de que fora eu que armara o fim-de-semana no sítio com amigos fantasmas, que nunca poderiam estar por lá.
Culpava a moça por não gostar de mim, como uma mulher gosta de um homem.
Culpava a moça por enxergar a minha alma, e não o meu “sex appeal”.
Pensei: "Quanto atrevimento! Onde já se viu amar a minha essência, e não ficar atraída pelo meu corpo?"
A verdade é que não estava levando um fora, mas apenas constatando algo que eu já sabia: há pessoas que se atraem fisicamente e outras que se atraem energeticamente, mentalmente, espiritualmente, “almamente”, e toda forma de "mente" que separa um abraço de amigo de um beijo de amante.
A gente sabe disso, a gente sente, mas finge não saber e embarca numa jornada rumo ao coração partido; mergulha numa epopéia de bobagens sentimentalóides, que só pode dar mesmo em nada. Ainda bem que a gente pode culpar o outro e acabar com a única coisa boa que tínhamos e compartilhávamos: a amizade.
Mas ela era a moça. A minha alma gêmea, a tampa da minha panela, a estrela que desceu à Terra e se fez mulher para iluminar o meu caminho. O que houve?
A noite perfeita gritou: "Quanta ilusão! Abre seus olhos, seu tonto!"
É noite; ela não era a moça, nem muito menos a minha única alma gêmea (afinal, todas as almas são gêmeas, parceiras e caminham juntas por um tempo, entre o ontem e o amanhã). Ela era uma estrela, mas não a estrela-mulher que iluminaria o meu caminho escuro e solitário.
Mas a pergunta continuava...O que houve?
"Mundo real!" - responderam os grilos no mato, na lagoa e na cuca.
Poderia ter sido uma noite perfeita, onde o rapaz fica com a moça e iniciam um relacionamento perfeito e vivem felizes para sempre. Poderia ter sido como num conto de fadas, mas foi apenas realidade.
No mundo real a moça não gostou do rapaz, e o rapaz continuou sozinho, errando e acertando, acertando e errando, até o dia em que se deu conta, que para encontrar a moça que viria para ficar, ele precisaria estar preparado para abrir mão dos contos de fadas e abrir o seu coração para o fato de que uma relação só vale mesmo a pena se as pessoas envolvidas sentirem a mesma atração e sintonia, pois nada pela metade se completa.
P.S.: Ainda bem que depois encontrei minha parceira de vida, depois de muitas andanças e cabeçadas.
São Paulo, 25 de maio de 2005.
- Nota de Wagner Borges: Frank é o pseudônimo do nosso amigo Francisco, participante do grupo de estudos do IPPB e da lista Voadores. Depois de vários anos morando em Londres, ele voltou a residir no Brasil. Ele escreve textos muito inspirados e nos autorizou a postagem desses escritos. Há diversos textos dele postados em sua coluna da revista on line de nosso site e em nossa seção de textos projetivos e espiritualistas, em meio aos diversos textos já enviados anteriormente - www.ippb.org.br
Ela queria minha companhia, mas não meus carinhos; queria minhas palavras, mas não sentir os meus toques. Poderíamos ter sido os melhores amigos do mundo, se eu tivesse enxergado nela algo mais que uma mulher.
Culpava a solidão, amaldiçoava o fato de que eu não era um Mel Gibson ou qualquer um desses atores, modelos, rostos de capa de revistas, que embora vazios feito toco, encantavam, atraiam e tiravam dos pobres mortais as chances de felicidade ao lado de mulheres como aquela moça, que na calada da noite mais romântica de minha vida, me dava um fora.
Culpava a moça; afinal, se não queria nada, porque aceitara ir ate aquele lugar. Fingia não entender, ignorava a lembrança de que fora eu que armara o fim-de-semana no sítio com amigos fantasmas, que nunca poderiam estar por lá.
Culpava a moça por não gostar de mim, como uma mulher gosta de um homem.
Culpava a moça por enxergar a minha alma, e não o meu “sex appeal”.
Pensei: "Quanto atrevimento! Onde já se viu amar a minha essência, e não ficar atraída pelo meu corpo?"
A verdade é que não estava levando um fora, mas apenas constatando algo que eu já sabia: há pessoas que se atraem fisicamente e outras que se atraem energeticamente, mentalmente, espiritualmente, “almamente”, e toda forma de "mente" que separa um abraço de amigo de um beijo de amante.
A gente sabe disso, a gente sente, mas finge não saber e embarca numa jornada rumo ao coração partido; mergulha numa epopéia de bobagens sentimentalóides, que só pode dar mesmo em nada. Ainda bem que a gente pode culpar o outro e acabar com a única coisa boa que tínhamos e compartilhávamos: a amizade.
Mas ela era a moça. A minha alma gêmea, a tampa da minha panela, a estrela que desceu à Terra e se fez mulher para iluminar o meu caminho. O que houve?
A noite perfeita gritou: "Quanta ilusão! Abre seus olhos, seu tonto!"
É noite; ela não era a moça, nem muito menos a minha única alma gêmea (afinal, todas as almas são gêmeas, parceiras e caminham juntas por um tempo, entre o ontem e o amanhã). Ela era uma estrela, mas não a estrela-mulher que iluminaria o meu caminho escuro e solitário.
Mas a pergunta continuava...O que houve?
"Mundo real!" - responderam os grilos no mato, na lagoa e na cuca.
Poderia ter sido uma noite perfeita, onde o rapaz fica com a moça e iniciam um relacionamento perfeito e vivem felizes para sempre. Poderia ter sido como num conto de fadas, mas foi apenas realidade.
No mundo real a moça não gostou do rapaz, e o rapaz continuou sozinho, errando e acertando, acertando e errando, até o dia em que se deu conta, que para encontrar a moça que viria para ficar, ele precisaria estar preparado para abrir mão dos contos de fadas e abrir o seu coração para o fato de que uma relação só vale mesmo a pena se as pessoas envolvidas sentirem a mesma atração e sintonia, pois nada pela metade se completa.
P.S.: Ainda bem que depois encontrei minha parceira de vida, depois de muitas andanças e cabeçadas.
São Paulo, 25 de maio de 2005.
- Nota de Wagner Borges: Frank é o pseudônimo do nosso amigo Francisco, participante do grupo de estudos do IPPB e da lista Voadores. Depois de vários anos morando em Londres, ele voltou a residir no Brasil. Ele escreve textos muito inspirados e nos autorizou a postagem desses escritos. Há diversos textos dele postados em sua coluna da revista on line de nosso site e em nossa seção de textos projetivos e espiritualistas, em meio aos diversos textos já enviados anteriormente - www.ippb.org.br