POR ONDE ANDARÁ O SENHOR DO SONO?
- Por Frank -
Fui dormir, sem falar com ela.
Podia falar alguma coisa, quebrar o gelo, mas havíamos brigado; e de acordo com o manual do casamento, artigo 42, do parágrafo 6; depois de uma discussão noturna, cabe ao marido e à mulher manter silêncio e ignorar a presença do outro, mesmo estando no mesmo cômodo, até a manhã seguinte, quando um dos dois levantará a bandeira branca e pedirá desculpas.
Fui dormir, sem falar com ela.
Podia falar alguma coisa, quebrar o gelo, mas havíamos brigado; e de acordo com o manual do casamento, artigo 42, do parágrafo 6; depois de uma discussão noturna, cabe ao marido e à mulher manter silêncio e ignorar a presença do outro, mesmo estando no mesmo cômodo, até a manhã seguinte, quando um dos dois levantará a bandeira branca e pedirá desculpas.
Mas não seria melhor pedir desculpas agora mesmo?
Para que esperar até amanhã, se podíamos fazer as pazes naquele instante e dormir tranqüilos, voando pelo mundo do sono como um passarinho?
Não! A culpa era dela. Ou será que foi minha?
Afinal, quem começara aquela discussão boba que terminara em “vou ficar de mal”? Quer saber, não importa quem começou; eu é que não vou pedir desculpas; mas por que ela continua em silêncio?
Cadê meu sono? Onde está o Senhor do Sono, que joga areia nos nossos olhos e nos leva para o outro mundo? Será que ele está esperando que façamos as pazes para nos convidar a ninar?
Pode esperar sentado com seu saquinho de grão de areia, pois se depender de mim, nenhum dos dois vai dormir essa noite.
Mas por que não consigo esquecer essa discussão estúpida, que não passa de um grão de terra no terreno do nosso amor?
O que será que pesa mais nos ombros? O cansaço de um dia que se foi, ou a mesquinharia do orgulho ferido?
Cala a boca, consciência! Estou de mal e ponto final.
São duas da manhã e há um abismo entre ela e eu. Um cânion dividindo os dois lados da cama. Não sou o Senhor Elástico, mas meu braço se estica além do meu orgulho e começa a atravessar o abismo, e meu corpo se aproxima do dela.
Nossos corpos se tocam e o silêncio é rompido pelo barulho do meu ego quebrado: “Meu amor – digo eu – já é dia no Japão. Como se pede desculpas em japonês mesmo?”
São Paulo, 02 de agosto de 2005.
Para que esperar até amanhã, se podíamos fazer as pazes naquele instante e dormir tranqüilos, voando pelo mundo do sono como um passarinho?
Não! A culpa era dela. Ou será que foi minha?
Afinal, quem começara aquela discussão boba que terminara em “vou ficar de mal”? Quer saber, não importa quem começou; eu é que não vou pedir desculpas; mas por que ela continua em silêncio?
Cadê meu sono? Onde está o Senhor do Sono, que joga areia nos nossos olhos e nos leva para o outro mundo? Será que ele está esperando que façamos as pazes para nos convidar a ninar?
Pode esperar sentado com seu saquinho de grão de areia, pois se depender de mim, nenhum dos dois vai dormir essa noite.
Mas por que não consigo esquecer essa discussão estúpida, que não passa de um grão de terra no terreno do nosso amor?
O que será que pesa mais nos ombros? O cansaço de um dia que se foi, ou a mesquinharia do orgulho ferido?
Cala a boca, consciência! Estou de mal e ponto final.
São duas da manhã e há um abismo entre ela e eu. Um cânion dividindo os dois lados da cama. Não sou o Senhor Elástico, mas meu braço se estica além do meu orgulho e começa a atravessar o abismo, e meu corpo se aproxima do dela.
Nossos corpos se tocam e o silêncio é rompido pelo barulho do meu ego quebrado: “Meu amor – digo eu – já é dia no Japão. Como se pede desculpas em japonês mesmo?”
São Paulo, 02 de agosto de 2005.