SOMBRA E LUZ
Mergulhado nas trevas de minhas encrencas emocionais, o amor que, um dia me deram, foi a única luz para me guiar até o meu verdadeiro Eu.
Era bem difícil encarar o rumo que a minha vida estava tomando. Então, culpei a todos ao meu redor por ter caído no buraco que eu mesmo cavara, perdendo assim todas as pessoas que se importavam e nutriam real sentimento por mim.
Era bem difícil encarar o rumo que a minha vida estava tomando. Então, culpei a todos ao meu redor por ter caído no buraco que eu mesmo cavara, perdendo assim todas as pessoas que se importavam e nutriam real sentimento por mim.
Mas como poderia compartilhar e entender algo que eu nem sabia que possuía?
Fácil foi xingar e afastar a todos que tentaram apontar e avisar que havia algo errado comigo. Mas finalmente o auto-questionamento bateu à porta e não consegui afastá-lo, descobrindo que tinha assinado num papel em branco o quanto tinha sido babaca, e confundindo teimosia com determinação.
O mais humilhante foi olhar-me no espelho da alma e perceber que o brilho no olhar dera lugar a um sujeito sem foco, apenas uma sombra do cara que eu era.
Nesse momento, começou aquela ladainha interior : "Coitadinho de mim! Sou tão incompreendido." "Não era a minha intenção, é que é tão difícil estar encarnado."
Como o auto-questionamento é neutro - só mostra os fatos, sem estimular ou passar a mão na cabeça de ninguém - tive que buscar a saída por conta própria. E lá estavam no caminho, o carinho, a consideração e o amor que tinha recebido, como se fossem pegadas luminosas me mostrando a direção.
Cada pegada parecia carregar o que eu aprendera com cada pessoa que tinha passado pelo meu caminho.
Lembrei-me do que dissera minha mãe, certa vez : "Filho, Deus é tão bom que transforma qualquer situação ruim em aprendizado."
Lembrei-me da antiga companheira - o único relacionamento maduro que havia encontrado - , que foi trocada por uma paixão passageira:
- Um dia você vai descobrir que o verdadeiro amor se renova por si próprio; não necessita de paixões passageiras, ou de perder a pessoa amada para descobrir o seu valor.
Vi as pegadas de um grande amigo, que já não via há algum tempo, porque fui incapaz de resolver maduramente nossas diferenças:
- Olha amigão, já fui parar nesse lugar para onde você está indo. A maior ironia de optar por esse caminho é que pisamos em todo mundo na ida, mas teremos que encontrar cada um deles na volta.
E fui seguindo, pegada por pegada, até perceber que enxergava meus próprios passos, e compreendi que a luz no final do túnel era apenas a ausência da minha própria escuridão.
Hoje, conheço um pouquinho sobre a vida e os tantos outros reinos de que falava Jesus, mas tento manter o pé no chão e focar na luz, embora possa ver a sombra ao meu lado. Depois de enfrentá-la e aceitá-la como parte de mim, minha sombra passou de inimiga à aliada.
Perfeição? Nem tão cedo!
Equilíbrio? Quem sabe?
Um certo amigo diria que se conseguíssemos apenas nos tornar pessoas bacanas e conviver numa boa com a nossa luz e a nossa sombra, já seria o bastante para uma vida, afinal passamos outras tantas tão longe disso.
- Frank -
Londres, Março de 2003.
Fácil foi xingar e afastar a todos que tentaram apontar e avisar que havia algo errado comigo. Mas finalmente o auto-questionamento bateu à porta e não consegui afastá-lo, descobrindo que tinha assinado num papel em branco o quanto tinha sido babaca, e confundindo teimosia com determinação.
O mais humilhante foi olhar-me no espelho da alma e perceber que o brilho no olhar dera lugar a um sujeito sem foco, apenas uma sombra do cara que eu era.
Nesse momento, começou aquela ladainha interior : "Coitadinho de mim! Sou tão incompreendido." "Não era a minha intenção, é que é tão difícil estar encarnado."
Como o auto-questionamento é neutro - só mostra os fatos, sem estimular ou passar a mão na cabeça de ninguém - tive que buscar a saída por conta própria. E lá estavam no caminho, o carinho, a consideração e o amor que tinha recebido, como se fossem pegadas luminosas me mostrando a direção.
Cada pegada parecia carregar o que eu aprendera com cada pessoa que tinha passado pelo meu caminho.
Lembrei-me do que dissera minha mãe, certa vez : "Filho, Deus é tão bom que transforma qualquer situação ruim em aprendizado."
Lembrei-me da antiga companheira - o único relacionamento maduro que havia encontrado - , que foi trocada por uma paixão passageira:
- Um dia você vai descobrir que o verdadeiro amor se renova por si próprio; não necessita de paixões passageiras, ou de perder a pessoa amada para descobrir o seu valor.
Vi as pegadas de um grande amigo, que já não via há algum tempo, porque fui incapaz de resolver maduramente nossas diferenças:
- Olha amigão, já fui parar nesse lugar para onde você está indo. A maior ironia de optar por esse caminho é que pisamos em todo mundo na ida, mas teremos que encontrar cada um deles na volta.
E fui seguindo, pegada por pegada, até perceber que enxergava meus próprios passos, e compreendi que a luz no final do túnel era apenas a ausência da minha própria escuridão.
Hoje, conheço um pouquinho sobre a vida e os tantos outros reinos de que falava Jesus, mas tento manter o pé no chão e focar na luz, embora possa ver a sombra ao meu lado. Depois de enfrentá-la e aceitá-la como parte de mim, minha sombra passou de inimiga à aliada.
Perfeição? Nem tão cedo!
Equilíbrio? Quem sabe?
Um certo amigo diria que se conseguíssemos apenas nos tornar pessoas bacanas e conviver numa boa com a nossa luz e a nossa sombra, já seria o bastante para uma vida, afinal passamos outras tantas tão longe disso.
- Frank -
Londres, Março de 2003.