ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL EM UM VELÓRIO

Um amigo de longa data faleceu de enfarte fulminante, depois de dois dias de UTI, com aproximadamente 50 anos de idade. No velório, a mãe, a irmã, os amigos e parentes choravam desconsoladamente por não aceitar o fato
ocorrido. Cumprimentei os conhecidos, procurei um lugar para sentar, em um canto mais isolado e entrei em trabalho de auxílio.


ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL EM UM VELÓRIO
(Texto postado originalmente para o grupo de estudos do IPPB)

Um amigo de longa data faleceu de enfarte fulminante, depois de dois dias de UTI, com aproximadamente 50 anos de idade. No velório, a mãe, a irmã, os amigos e parentes choravam desconsoladamente por não aceitar o fato
ocorrido. Cumprimentei os conhecidos, procurei um lugar para sentar, em um canto mais isolado e entrei em trabalho de auxílio.

Na verdade comecei antes de chegar no cemitério, fazendo exercícios para circular a energia e
aproveitei o belo dia de sol para me carregar de prana*, pois sabia que teria muito o que doar.
Sentada, entrei em sintonia com o plano espiritual maior, saudando as equipes que trabalham nesta atividade e me coloquei a disposição para
ajudá-los. Dentro de instantes, parecia que eu havia me projetado e me posicionado ao lado do cadáver.

Percebi o meu amigo ali e o quanto seu
padrão vibratório estava desequilibrado. Então, apliquei-lhe alguns passes e comecei a trabalhar o desligamento dos filamentos dos chacras que ligavam-no ainda com a sua mãe e vice-versa.

Dentro de poucos minutos, eu já podia sentir o quanto meu amigo estava perturbado e revoltado com sua separação do corpo físico. Eu podia ver e
sentir seus últimos momentos, recebendo as descargas de choques elétricos no trabalho dos médicos e enfermeiros, tentando ressuscitá-lo. Passei a emanar meus pensamentos diretamente para ele. Chamei-o pelo nome, me identifiquei,
o abracei e pedi que prestasse atenção no que eu tinha para lhe falar.

Ele concordou. Falei sobre a continuidade da vida, sobre a eternidade da alma, sobre a importância e a necessidade dele entender e aceitar o que havia se
passado. Sabia que seus últimos anos estavam sendo bem difíceis em termos sentimentais, profissionais e financeiros, e que tudo isso junto com o quadro depressivo em que ele se encontrava, contribuiu para este enfarte.

Falei um pouco disso com muito cuidado. Ele me perguntou o que aconteceria agora e respondi que deveria seguir com as pessoas que estavam lhe
oferecendo ajuda (percebia a presença dos socorristas extrafísicos e de um parente, um homem de mais idade) e que sua mãe ficaria bem.
Praticamente no mesmo instante, a sua mãe, uma pessoa idosa, começou a chorar alto, a repetir o nome dele e a dizer uma série de frases em
desespero. Voltei a mim de súbito e dirigi minha atenção para ela.

Apliquei-lhe passes mentalmente por alguns instantes, até perceber que ela se acalmou. Senti-me enfraquecida. Sai da sala do velório e logo adiante avistei uma árvore. Fui direto em sua direção e discretamente comecei a abraçá-la, olhando para o sol, a fim de recarregar minha energia.

Nisso chegaram os homens do cemitério pedindo para fechar o caixão. Me adiantei
para junto da mãe dele, como não tinha visto nenhum padre, nem reverendo nem
ninguém de carreira semelhante, me ofereci para fazer uma prece.

A família aceitou. Aproveitei a oportunidade para pedir a todos que mentalizassem nosso amigo sorridente e brincalhão como ele sempre se apresentava. Enquanto isso, falei algo sobre a continuidade da vida após a morte e a importância
da nossa prece para ajudá-lo a seguir em paz. Fecharam o caixão e novas crises de choro se seguiram.

Daí é que fui perceber a presença de espíritos das sombras se afastando, bravos comigo, dizendo que ele teve o que merecia.

Continuei entoando mentalmente mantras e vibrações, mas agora direcionadas para eles. O ambiente ficou melhor. Quando abri os olhos praticamente todo mundo já havia saído em direção ao túmulo.

Senti orientação para ficar junto da mãe dele. Quando consegui alcançá-la, percebi o quanto ela estava fraca e pronta para cair a qualquer instante,
devido ao choque emocional que estava passando. Ela aceitou a proposta de sentar-se em um banco que permitia dar vista a todo o campo verde do
cemitério e ao mesmo tempo poderia acompanhar o trabalho que iria ser feito.

Posicionei minhas mãos na direção do peito e das costas dela, nas aberturas dos chacras cardíacos, de frente e de trás, e em silêncio entoei mantras
("Viveka Chuda Mani" ** e "Deus é paz, Deus é Amor, Deus é luz").

Ela foi se acalmando devagarinho e recebi intuição de conversar com ela, valorizando seu trabalho como mãe dedicada, que procurou dar bons conselhos, os quais poucos foram ouvidos e seguidos por ele. Imediatamente ela se virou para mim e começou a desabafar contando o quanto estava sendo difícil para ela essas últimas semanas, pois ele brigava com ela constantemente e também com a "própria sombra".

Lembrei-me do que disseram os espíritos das sombras e entendi melhor o quadro que se passava. Conversamos mais um pouco no sentido de ajudá-la a ficar com a consciência tranqüila. Deu certo! Em um
determinado momento ela comentou que o cadáver do marido estava enterrado no mesmo lugar. Aquele senhor que eu percebi do lado dele podia ser então seu pai.

O enterro já havia acontecido e várias pessoas tinham ido embora. Olhei no relógio de uma pessoa e lembrei que eu tinha que voltar correndo para o meu
serviço, pois já estava ausente por mais de duas horas. Foi então que percebi um rapaz, muito amigo dele e bem conhecido meu, parado diante do
túmulo, com o olhar longe. Fui até ele e o abracei. Ele me perguntou se nosso amigo estaria gostando deste lugar, pois a vista era bem bonita.

Chamei-o pelo nome e falei carinhosamente que o nosso amigo não estava lá, que lá debaixo da terra só estavam músculos, ossos e um turbilhão de células se desagregando. Disse-lhe que o nosso amigo estava agora em um lugar melhor, porque a "barra por aqui" estava muito pesada para ele. Na conversa, percebi uma mistura de sentimentos de arrependimento com solidão. Mentalizei
banho de cores nele enquanto o abraçava. A filha dele se aproximou e deixei os dois sozinhos. Recebi orientação de que meu trabalho ali havia se
encerrado.

Fui até o lugar onde havia estacionado o carro, providencialmente junto de árvores frondosas. Encontrei um cantinho e passei então a fazer um bom banho de limpeza com as energias das árvores e do sol. Agradeci pela oportunidade de auxílio e aprendizado que me foi dada, e no caminho de volta para o serviço senti-me faminta e sedenta, e percebi que eram quase três horas da tarde e que eu ainda não havia almoçado. Neste ínterim, recebi instruções de relatar por escrito o que havia vivenciado. Aqui está!


- Por Íris Poffo -

- Notas:
* Prana (do sânscrito): "Sopro Vital"; "Energia".
** Viveka Chuda Mani (do sânscrito): Viveka Chuda Mani (do sânscrito): Nome
do célebre livro de Shankara (século 9 D.C.). Sua tradução literal é:
Viveka: "discernimento"; Chuda: "Suprema"; Mani: "Jóia". A Suprema Jóia do
Discernimento!
Ou, como a palavra Mani siginifica também a jóia oculta no coração (o atman,
a essência espiritual imperecível), pode-se traduzí-lo assim: O
Discernimento Supremo que mora na Jóia do coração espiritual.
Resumindo: trata-se de um poderoso mantra evocativo da atmosfera espiritual dos rishis (sábios) que inspiraram "Os Upanishads", o trabalho de Shankara e os elevados valores conscienciais do Vedanta.
Para melhor entendimento, ver o texto 369

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