COMPAIXÃO, SEM PAIXÃO

Ter compaixão é compadecer-se. E compadecer-se é ser sensível e querer diminuir o sofrimento do outro, não importa qual seja.

Ter compaixão é estar disponível para aquele que sofre sem questionar seus motivos, sem julgar suas atitudes, sem medir ou comparar suas dores.
Ter compaixão é lembrar-se de que a dor é do próximo e que não se pode avaliar o estrago que ela está fazendo nele.

Ter compaixão é ser capaz de perceber a oportunidade de ajudar e prestar serviço, e fazer isso sem sair do próprio caminho ou interferir no do outro.

Compaixão implica respeito e não dá a ninguém o direito de querer retirar das costas de alguém, por mais querido que seja, o fardo que ele carrega.

Compaixão é exercício de compreensão, pois o que sofre pode não ter o mesmo entendimento daquele que se compadece.

Compaixão é agir sem paixão, é saber controlar-se para poder ajudar de fato aquele se sente desorientado.

Compaixão é manter-se equilibrado diante do sofrimento, levando companhia, apoio, orientação ou consolo onde for necessário.

Compaixão é educação para a verdadeira piedade, é teste de força espiritual, é treino para a humildade.

Compaixão é fiel confiança na capacidade do próximo para resolver seus próprios problemas e firme esperança na assistência de Deus que não desampara ninguém.

Compaixão é prova de coragem e discernimento, pois a linha que separa a dó (pena) humilhante da piedade fraterna é muito tênue e incerta.

A compaixão é discreta e silenciosa, jamais fala de si mesma, e não costuma estar aparente nem mesmo para quem lhe recebe o concurso amigo.

Dizemos "ter" compaixão, quando, na verdade, o mais certo talvez fosse "sentir" compaixão, já que para tê-la é preciso primeiro senti-la.

A compaixão é a mola forte que nos impulsiona para junto dos que sofrem ao nosso redor, a fim de que possamos verificar nossa própria confiança na sabedoria divina. Quando nos compadecemos de alguém que já crê em Deus estamos reforçando suas esperanças e sua confiança em si próprio e na providência divina. E quando a nossa compaixão se dirige para aqueles que ainda não conhecem a Deus, levamos até eles a nossa própria fé para que, por ela, possam aprender a buscá-lo e encontrá-lo por si mesmos.


- Maisa Intelisano -
São Paulo, Junho de 2003.

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