HOJE, PAI...

Hoje, Pai, eu não quero pedir por aqueles que gemem e sofrem nos hospitais,

mas por aqueles que, ricos em saúde, gastam-na em vícios e exageros sem razão.

Hoje eu não quero pedir pelos órfãos deixados ao léu do destino, mas pelos filhos bem cuidados que, tendo um lar e uma família, desprezam e ignoram o carinho tão precioso que recebem.
Hoje eu não quero pedir pelos velhinhos esquecidos e abandonados em asilos, mas pelos jovens que, no auge de seu vigor, desperdiçam energia e alegria com ilusões negativas e desequilibradas.

Hoje eu não quero pedir pelos jovens nos caminhos do crime, do vício e da prostituição, mas pelos idosos que, tendo vivido uma existência plena de alegria e satisfação, não revertem sua experiência em orientação sadia para as novas gerações.

Hoje eu não quero pedir pelos oprimidos e desesperados do mundo, mas por aqueles que sendo livres e cheios de oportunidades, passam o dia a queixar-se e revoltar-se sem saber bem do quê.

Hoje eu não quero pedir pelos lares abrasados pela discórdia, mas por aqueles que, abençoados pela luz da união, julgam e recriminam os lares alheios.

Hoje eu não quero pedir pelos descrentes e materialistas, egoístas e orgulhosos, mas pelos irmãos que, certos de sua fé em Deus, não trabalham pelo próximo em nome dessa fé.

Hoje, Senhor, eu não quero pedir pelos pobres de corpo e de espírito, mas pelos que, ricos e abundantes de todas as suas bênçãos, levam a vida esquecidos de que a maior riqueza está em saber dividir e dividir-se com o próximo, ainda que seja só numa oração.

Maísa Intelisano - São Paulo, 19 de outubro de 1998.


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