NO SILÊNCIO DA NOITE, EU ME CONTAGIEI

Na solidão da noite,
Reflito sobre minha poesia. *
Minhas metáforas andaram percorrendo
A Europa e o mundo todo!
Quantas consciências interpenetrei!
Quantos corações amei e machuquei?!
Ainda sinto os ecos da minha poesia...
Parecem querer, alguns, querer me condenar...
Não o sei, mas sinto que minha alma o sabe.
A herança das palavras está em meus olhos,
Nas pernas, nas mãos e, principalmente,
No meu coração.
Tanto tempo atrás da Estrada do Amor...
E só agora que coloquei os meus pés nela.
No silêncio da noite,
Sinto forte a solidão.
Sinto a minha solidão.
Sinto a solidão das prostitutas.
Sinto a solidão dos órfãos.
Sinto a solidão dos velhos abandonados.
Sinto a solidão dos presidiários.
Sinto a solidão do mundo.
Mas não fico propriamente triste.
Algo muito forte dentro de mim
Sabe que o Amor está sempre
Do meu lado!
Amo tanto a Deus!
E amo muito as mulheres.
No silêncio da noite,
Eu me contagiei.
Amém.

- Washington da Silva -

- Nota
* "Penetra surdamente no reino das palavras" - Carlos Drummond de Andrade -

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