A Canção Secreta dos Iniciados de Todas as Eras - II
Quando um iniciado entra no templo secreto, sabe que não é somente o seu
espírito que se une à egrégora*, mas também o seu corpo.
Enquanto os seus pensamentos tocam o espaço sideral e o seu coração
agradece ao Todo, seus pés tocam o solo da Mãe Terra.
Por isso, ele descalça as sandálias dos pés (e do próprio ego) e se submete aos desígnios maiores, que sempre visam o despertar consciencial, a abertura do coração e a consecução de ações nobres nos procedimentos vitais.
O iniciado sabe que “outros pés” também tocam o solo do templo. Por isso,
ele saúda os companheiros invisíveis que jornadeiam com ele inspirados pelos mesmos propósitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade**.
Ele sabe que a senda espiritual muitas vezes é solitária e cheia, complexa e
simples, visível e invisível, para aquele que tem “olhos para ver”, “ouvidos
para ouvir” e um coração que “sente” e “compreende”.
O iniciado conhece e respeita o solo secreto da senda, por isso ele tira as
sandálias e caminha com passos luminosos e serenos.
Ele respeita a egrégora e seus objetivos. Une-se a ela, em espírito e corpo, na sintonia do Amor que brilha em seu coração.
Sim, ele sabe que o solo do templo não é cheio da poeira do mundo... Por ali
passam miríades de benfeitores sutis ajudando silenciosamente a humanidade.
Sim, ele tira as sandálias com a alegria de servir à Luz Maior.
Ele sabe que o templo secreto também é em seu coração... e por ali andam os hierofantes espirituais e eles abençoam a senda com seus passos virtuosos.
O iniciado conhece os ensinamentos da esfinge milenar e procura segui-los com consciência: “SABER, OUSAR, QUERER E CALAR!”
E ele aprendeu:
- a SABER (o discernimento) e servir à Luz Maior.
- a OUSAR (com respeito, prudência e sabedoria) levantar o véu do mistério.
- a QUERER (com o coração, não com o ego) o Amor brilhando em seu peito.
- e a CALAR (não a informação que ajuda os outros, mas o ego negativo) a
arrogância e a intemperança.
Quando o iniciado caminha pela senda, sem as sandálias do ego, seus pés brilham muito, pois ele sabe que os seus passos são luminosos...
Afinal, ele caminha na egrégora do Todo, o Grande Hierofante***, no coração da própria vida infinita.
Ele caminha, trabalha, estuda, ama, sorri e segue...
Paz e Luz!
- Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma****.
* Egrégora - do grego “Egregorein”, que significa “velar”, “cuidar” - é a atmosfera coletiva plasmada espiritualmente num certo ambiente, decorrente do somatório dos pensamentos, sentimentos e energias de um grupo de pessoas voltado à produção de climas virtuosos no mundo.
Obs.: Ver o texto “Egrégora: União de Propósitos Luminosos”, postado nesse link:
http://www.ippb.org.br/textos/1354-egregora-uniao-de-propositos-luminosos
** O lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, que ganhou fama na Revolução Francesa (a partir da Segunda República, em 1848), era um lema dos iniciados de outrora. Portanto, sua menção no contexto desses escritos é sob este prisma espiritualista.
*** O Todo - expressão hermética para designar o Poder Absoluto que está em tudo. O Supremo, O Grande Arquiteto Do Universo, Deus, O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência além de toda forma. Por isso, tanto faz chamá-lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele é Pai-Mãe de todos.
Quando se afirma que o Todo é o Grande Hierofante, é no sentido de que Ele é o Supremo iniciador de todos os seres, pois está em tudo!
Obs.: Hierofante - dentro do contexto das iniciações esotéricas da Antiguidade, era o mestre que testava os neófitos (calouros) nas provas iniciáticas.
**** Enquanto eu editava estes escritos, rolava aqui no meu som a música “Show Me” - da banda inglesa de rock progressivo Yes. Então, deixo, na sequência, o seu link no YouTube... https://www.youtube.com/watch?v=2ziN3vuLc6k&list=RD2ziN3vuLc6k&start_radio=1&rv=2ziN3vuLc6k&t=49