727 - KRISHNA, O DERRETEDOR DE CORAÇÕES

(Quando as Covas Umbralinas Ficam Lindas Como o Azul do Céu)

- por Wagner Borges -

Krishna, novamente você derrete de amor o meu coração.
Que coisa é essa, sutil como um afago e poderosa como um sol?
Vejo você agora, em meio a uma multidão de espíritos sofredores.
Como sempre, você abraça a todos, de um em um, como iguais, como seres divinos.
E, ao abraçá-los, você absorve a dor deles e derrete seus corações no amor puro.
Você absorve a escuridão em torno e transforma tudo em azul.
Você parte as correntes, enquanto eles choram a dor dos esquecidos, abraçados a você, igual a crianças perdidas.
Vejo os seus olhos de lótus e percebo que você está feliz ali, naquela vala extrafísica, que antes era trevosa, e que, agora, ficou azul da cor do céu.
Govinda, você transforma as pesadas atmosferas umbralinas em paraíso e os espíritos cinzentos em seres de luz.
Vejo você aí, no meio deles e, ao mesmo tempo, aqui, dentro do olho espiritual.
E o amor que derrete o coração deles, é o mesmo que derrete o meu coração.
E o seu olhar feliz, que cura a dor deles, é o mesmo que me deixa feliz.
Você abraça a eles aí, e eu me sinto abraçado aqui!
Amigo querido, permita que eu relate aos homens a sua ação amorosa nos rincões extrafísicos esquecidos, para que outros também se sintam abraçados e queridos por esse amor tão lindo.
Sabe, eles choram aí, em seu abraço cálido, e eu choro aqui também.
Mas, não é por dor, é porque o coração se derreteu de amor junto.
Ao mesmo tempo, uma parte de mim observa o seu olhar de contentamento; então surge um sorriso leve e solto...
Gopala, em meio às emoções do homem que chora, e ao coração do espírito que ri, eu agradeço por você novamente iluminar o meu dia.
Que esse relato possa iluminar o dia de outros também!

P.S.: Antes, eu era bobo, e dizia: “Meu darma!”
Hoje, menos bobo, eu digo: “Seu darma!”
Ou, “Seu darma no meu!”
Quando eu era bobo, pensava estar sozinho.
Contudo, você me tocou, e eu me toquei.
Meu coração se derreteu de amor...
E eu vi o seu olhar no meu olhar;
Os seus passos em meus passos;
E o seu darma no meu darma, como um só!
Então, deixei de ser bobo, e agora digo:
“Krishna, não sou mais meu, sou só seu!”
Om Maharaja!

São Paulo, 26 de agosto de 2006.

- Notas do texto:
* Umbralino - relativo ao Umbral extrafísico, o plano espiritual denso (plano astral inferior; inferno; hades; plano extrafísico atrasado).
* Govinda e Gopala - são epítetos de Krishna, considerado como o “Pastorzinho divino”, que tangencia os seres na direção da bem-aventurança (ananda) e da consciência cósmica (o samadhi, a expansão da consciência, muitas vezes associada ao despontar da aurora dissolvendo as trevas – o ego - e fazendo a atmosfera dançar na luz).
Govinda e Gopala também são considerados como mantras de dissolução de climas psicofísicos densos. Trazem alegria e espantam as confusões e equívocos.
* Darma (do sânscrito “Dharma”) - dever, missão, programação existencial, mérito, benção, ação virtuosa, meta elevada, conduta sadia, atitude correta, motivação para o que for positivo e de acordo com o bem comum.
* Maharaja (do sânscrito Maharaj) - Grande Rei! É um dos epítetos de Krishna.
* Deixo na seqüência um outro texto que se correlaciona com esse dois de hoje.





NA AURORA COM GOVINDA

Krishna, meu amigo,
Ontem eu não vi Você chegando.
Só senti que havia algo, mas o cansaço não ajudou
As percepções, e o meu ego trouxe a treva em meus olhos.

Então, algo tocou o meu coração hoje,
E eu vi emergir em meio às trevas,
Uma flor de lótus azul.

Imediatamente os meus olhos brilharam,
E o coração entrou em alegria serena.
Uma voz sutil disse-me, secretamente:
“Govinda! Gopala!
Om Namah Krishnaya!”

E aí, o milagre aconteceu:
As trevas se renderam
À aurora do Seu olhar em mim.
Então, amanheci com Você!

E com os olhos novamente acesos,
E o coração radiante,
Eu vi Você sorrindo dentro do meu coração.
E Você disse:

“Vá, e conte para os seus irmãos sobre as glórias eternas que cada um guarda no peito. Fale a eles da imortalidade da consciência e do cumprimento das responsabilidades espirituais. Viaje junto na sabedoria espiritual de abrir as flores dentro dos chacras.
Diga-lhes que além das trevas e dores do ego, existe o despertar da aurora nos olhos e nos corações.
Dentro da aurora, eu estarei presente, sempre, no espírito de cada um, cumprindo o que é para ser cumprido!”

O recado foi recolhido e repassado, mesmo além do plano físico.
E agora, a noite se foi, e tudo ficou azul como o lótus sutil.

Krishna, ontem eu não vi Você!
Mas Você me viu e me esperou.
E me acordou em sua aurora.
E agora, só sei dizer de coração:
“Om Gopalaya Namah!
Om Govindaya Namaha!”


Paz e Luz.

- Wagner Borges -
São Paulo, 20 de novembro de 2004.

Nota: As pessoas adoram rotular os outros de acordo com suas próprias convicções espirituais. Se alguém escreve algo sobre projeção da consciência, é logo rotulado como projetor ou projeciólogo. Se recebe um texto espiritual, é rotulado como espírita. Se fala de Jesus, é chamado de cristão. Se fala de Buda, é budista. Se faz um poema sobre Krishna, é hinduísta. Se escreve sobre Hermetismo, é tachado de esotérico. Se diz que viu um preto velho, deve ser de Umbanda. Se fala de preceitos iogues, é considerado discípulo de algum caminho espiritual oriental. Se admira Lao-Tzé, é rotulado como taoísta. E, daí por diante, outros rótulos, rótulos, rótulos... que, na verdade, não definem coisa alguma. Só servem para limitar a expressão do outro e condicioná-lo a um sistema doutrinário qualquer. Que dia radiante será aquele em que chamarmos o outro apenas de irmão, sem considerar raça, sexo, religião ou cultura. Nesse dia, Jesus, Buda, Krishna, Lao-Tzé, Mataji, e todos os amigos sutis da humanidade surgirão de mãos dadas diante de nós, saudando-nos na atmosfera da paz imperecível e dizendo-nos que o Pai Divino (ou Mãe Divina, tanto faz) é um só e interpenetra a todos com o mesmo amor.


Texto <727><06/09/2006>