A Projeção da Consciência e a Lucidez Extrafísica
A PROJEÇÃO DA CONSCIÊNCIA E A LUCIDEZ EXTRAFÍSICA
- Por Ramatís -
Entre a fantasia e a realidade, existe um limite onde são forjados os sonhos. Dependendo do engendramento desses sonhos, o ser humano pode ser fortalecido ou enfraquecido, alertado ou distraído, conscientizado ou obnubilado.
Aparentemente, dormir é como morrer, já que, tanto no sono como na morte, o véu da inconsciência envolve o ser humano.
O corpo físico permanece inconsciente durante o sono porque a consciência projetou-se naturalmente para fora dele.
Em termos reais, é uma mini-morte, não física, mas consciencial, pois a maioria dos seres humanos sai do corpo de maneira inconsciente ou semiconsciente. Assim, os homens são totalmente envolvidos pelas idéias oníricas que acabam por influenciá-los, de maneira positiva ou negativa, durante a vigília física normal.
Enquanto as consciências encarnadas no plano físico não se esforçarem para melhorar sua lucidez, física e extrafísica, a Terra continuará sendo um imenso "dormitório espiritual", suspenso no espaço sideral.
Durante a vigília física normal, os seres humanos são dominados pelos impulsos emocionais, oriundos da falta de controle do corpo emocional (psicossoma), e pelas lentas vibrações do cérebro físico que restringem e amortecem o corpo mental (1).
Durante o sono, esses mesmos seres humanos libertam-se temporariamente do restringimento físico, mas não se libertam do emocionalismo que lhes caracteriza a existência e nem da cobiça e orgulho que os fazem brigar entre si constantemente.
Envolvida pelas formas-pensamento (2), oriundas do descontrole mental manifestado na vigília física normal, a grande maioria das consciências encarnadas permanece flutuando acima do corpo físico, lidando com os assuntos triviais do seu dia-a-dia.
Algumas pessoas conseguem afastar-se do corpo físico, buscando, inconscientemente, emoções fortes e vibrações densas que tenham afinidade com seu padrão espiritual. São verdadeiros "sonâmbulos espirituais", que muitas vezes são atraídos automaticamente para os ambientes onde movimentam-se durante o dia ou para certas áreas do plano astral inferior bastante densificadas vibratoriamente, onde são vampirizados energeticamente por obsessores desencarnados que aproveitam-se da situação. Ao despertarem assustadas no físico, essas pessoas pensam que foram vítimas de um pesadelo.
Durante o dia, os encarnados arrastam-se pela vida, motivados por interesses mesquinhos e egoístas, brigando e matando uns aos outros como se fossem feras indomáveis.
Durante a noite, projetam-se espontaneamente e ficam a sonhar fora do corpo. Na verdade, é como se não estivessem projetados, pois estão totalmente inoperantes para o plano astral.
Seu psicossoma (3) está fora do corpo físico, mas sua consciência continua agrilhoada aos valores do plano físico.
Nos planos extrafísicos próximos ao plano físico, também encontramos multidões de pessoas em estado lastimável de semiconsciência. São os desencarnados que encontram-se sonambulizados astralmente após a morte. São verdadeiras legiões de zumbis espirituais envolvidos nas formas-pensamento engendradas durante a vida física pelo descontrole mental e emocional em que viviam. Dentro do monoideísmo espiritual em que se encontram, alguns pensam poder ressuscitar o cadáver e, assim, tornar a viver no plano físico. Outros sentem a falta das vibrações densas e pesadas do corpo humano. Outros, ainda, sentem dores atrozes devido à morte violenta que sofreram ou choram as oportunidades perdidas e a saudade dos familiares que ficaram encarnados.
Se todas essas pessoas tivessem aprendido a projetar-se conscientemente para fora de seu corpo humano durante a vida física, provavelmente não estariam nessa situação, pois teriam compreendido que a morte é apenas a passagem da consciência para outro plano. É simplesmente uma projeção final, da qual não se retorna mais para o físico. A adaptação ao plano extrafísico seria tranqüila, pois o meio-ambiente astral lhes seria familiar pelas visitas feitas anteriormente através das projeções.
Assim, observamos bilhões de consciências encarnadas e desencarnadas anexadas, mental e emocionalmente, apenas à realidade humana, totalmente bloqueadas para outras realidades extrafísicas.
A inconsciência e a semiconsciência imperam absolutas no reino humano. Isso pesa bastante na economia espiritual do planeta, que poderia ser considerado não só como um "dormitório espiritual", mas também como um "manicômio consciencial", situado em pleno espaço sideral, em um pequeno sistema solar inserido dentro da Via Láctea, logo ali (ou aqui), na esquina do Universo.
Enquanto o ser humano não descobrir o que acontece consigo mesmo durante o sono e não aproveitar seu potencial nessas horas ociosas, estará morto para a realidade existente em outros planos. Estará iludido pelos valores limitados que a vida humana lhe oferece. Urge que cada consciência aperceba-se da necessidade de vislumbrar outros planos de existência e neles adquirir força e conhecimento para não deixar que o véu de Maya (4) lhe bloqueie as percepções e distorça seus pensamentos.
Se cada consciência encarnada melhorasse sua lucidez extrafísica durante a projeção, que ocorre naturalmente todas as vezes que seu corpo físico adormece, provavelmente teríamos uma manifestação mais equilibrada no plano físico. Assim, talvez esse nosso planeta louco deixasse de ser um "manicômio consciencial", podendo ser transformado ao menos em um "hospital decente".
Paz e Luz!
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges - Texto extraído do livro "Viagem Espiritual - I" - Editora Zennex - 1993.)
- Notas:
1. Corpo mental - É o veículo de manifestação pelo qual a consciência se manifesta usando os atributos da inteligência (intelecto, intuição, memória, imaginação, etc.); mente; corpo do pensamento.
2. Formas-pensamento- Formações mentais modeladas e organizadas pelo pensamento e a imaginação.
3. Psicossoma - Veículo de manifestação pelo qual a consciência se manifesta no plano extrafísico; corpo astral; perispírito; corpo espiritual; astrossoma; corpo dos desejos; corpo psíquico; corpo emocional; corpo fluídico; corpo sutil; duplo astral.
4. Maya - do sânscrito - ilusão; tudo aquilo que é mutável, que está sujeito à transformação por diferenciação.
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