CONVIVENDO COM A INCERTEZA - por Eda Cecília Marini
- Por Eda Cecília Marini -
Uma das sensações que mais abalam o ser humano é a incerteza das coisas.
Elaboramos planos minuciosamente achando que, estando sob controle, tudo sairá exatamente conforme o imaginado.
Fatos, relacionamentos, carreira, casamento, negócios, dinheiro, enfim, idealizamos e imaginamos obstinadamente como queremos que aconteça, a cada passo.
Existem aqueles que, em nome de serem previdentes, já calculam até os possíveis resultados diferentes dos esperados, frente a hipotéticos intercursos no decorrer do processo.
E quando o resultado não tem o desfecho imaginado e tão exaustivamente calculado, provoca surpresa, estupor, desilusão, inconformismo, revolta e até depressão.
É quando “cai a ficha”: não existem certezas!
A única certeza que existe é que tudo está sempre mudando.
Claro que é preciso disciplina, ordem e planejamento na condução de um trabalho, de um procedimento, estudo, pesquisa, de uma vida, para que os melhores resultados sejam obtidos. O que seria do prédio se não houvesse um projeto bem feito para sua construção? Ou do paciente se o cirurgião não tiver seu caso estudado e planejado?
O que produz o choque e a angústia frente a resultados inesperados é a rigidez e as atitudes extremamente controladoras, que produzem a certeza absoluta da realização do imaginado.
Há certezas que conduzem à arrogância.
Certeza e arrogância tendem a formar uma liga altamente resistente a mudanças, sobretudo as inesperadas. Entretanto, o perigo é a estagnação.
A certeza arrogante nos faz esquecer de que vivemos em um universo em constante mutação, fator do contínuo processo de transformação. Esquecemos que a essência de nosso universo é a impermanência, e ela está em toda existência. Nenhum dia é igual ao outro. Nada é estável ou definitivo, e sim, tudo é efêmero e, portanto, relativo, estando num constante vir-a-ser...
Nada existe separado do contexto em que se situa, e a tendência é transformar-se quando o contexto se modifica. As coisas, portanto, não se definem pelo que seriam em si, mas sim pela rede de condicionamentos e relacionamentos ligados ao contexto.
No entanto, a arrogância, o egoísmo e a ignorância humanas levam o homem a alimentar a ilusão de que as coisas são perenes, imutáveis e de que ele detém o controle completo no desenrolar dos fatos. Nasce o apego, e sofremos porque projetamos nossa felicidade nos desejos de estabilidade e na certeza de que nosso controle é absoluto e inquestionável.
Que desilusão! Por não termos garantia em relação a nada na vida, a tão almejada “segurança” é pura ilusão!
O ser humano não pode mudar a natureza e a seqüência dos fatos em função de suas crenças, desejos e interesses, e por isso sente e experimenta a relatividade das coisas como algo indesejável, angustiante e cheio de sofrimento.
Insistimos arrogantemente em fazer somente do nosso modo, acreditando na estabilidade e permanência dos resultados. Negando esta transitoriedade, nossos apegos e desejos nos fazem repetir os mesmos erros.
É preciso soltar o controle, o apego à auto-imagem.
Isto não significa ficar ao léu, no descontrole, na inação ou omissão, mas sim confiar na sabedoria do Grande Desconhecido; acreditar que resultados diferentes dos cobiçados têm alguma finalidade que talvez ainda não tenhamos atinado; algum aprendizado a sair deste desafio.
Crer solidamente que situações inesperadas, difíceis ou conflitantes - geralmente assustadoras - não chegam por acaso, mas sim pelo desenrolar da vida e que, por isso mesmo, são lições de crescimento e amadurecimento pessoal.
O futuro nos atormenta, sobretudo porque é desconhecido.
Temos medo: medo de nos entregar à vida, da morte, mas, sobretudo, medo do viver.
E o medo paralisa: deixamos de correr riscos, negamos o novo, perdemos poder, a capacidade de reflexão, abrimos o coração à dúvida e à descrença; não nos entregamos a nada e assim deixamos de sentir a intensidade dos melhores momentos e sentimentos que temos.
Medo e fé são sentimentos opostos: enquanto um imobiliza, neutraliza, o outro é dinâmico, atuante. Um anula o outro, pois enquanto temos fé não sentimos medo.
Por entorpecer, enfraquecer e estagnar, o medo é negativo.
Já disse o grande Mestre Jesus: “A fé remove montanhas...”
Somos seres capacitados para observar, refletir e avaliar cada passo, cada sentimento e cada escolha, visualizando erros e acertos, definindo caminhos novos, conscientes dos riscos possíveis desses caminhos, pois viver é correr riscos, é aventurar-se.
Nada nos acontece se não estivermos prontos para isso. Portanto, a saída é enfrentar nossos medos, por mais assustadores que nos pareçam. Para isso a fé na providência do Universo é fundamental. Ela é nosso maior aliado.
Quando nos abrimos ao Universo em verdadeira entrega, entramos em sintonia com ele; deixamos o novo entrar e começamos a observar respostas generosas e compassivas deste mesmo Universo, as quais nos apontam soluções muito mais fáceis e possíveis e que antes não conseguíamos perceber.
Quando soltamos o apego, saímos da inflexibilidade da arrogância e entramos na modéstia de reconhecer nosso real potencial, limpamos mente e coração, e abrimos espaço para o potencial divino se manifestar com toda sua bondade e perfeição.
Diante disso tudo, alguém pode perguntar: “Se tudo caminha por si só, para que pensar, ou estabelecer metas?”
Ou então: “Onde fica minha vontade própria? Meu querer terá sempre que estar condicionado à vontade do Universo? Onde meu eu fica nisso? (Poderíamos acrescentar “meu ego”...) - Por que e para que serve minha inteligência?”
O Universo não se distrai manipulando bonecos, estabelecendo destinos ou ditando regras. Ele é extremamente flexível e paciente e entende que a evolução de nossas emoções, mente e raciocínio se dá somente através do bom senso e da lucidez adquiridos através da vivência.
A iluminação acontece através da experimentação – ensaio e tentativa - e o conseqüente amadurecimento. Só assim conheceremos todas as forças que temos ao nosso alcance, sentiremos nosso potencial em todas suas opções para sabermos escolher, valorizarmos o que merece e reformularmos o que não é verdadeiro ou funcional. E é parte fundamental neste aprendizado o exercício da confiança em si e no Todo do qual somos parte infinitesimal, mas nem por isso menos poderosa.
Conviver com a incerteza é a prática da verdadeira modéstia e humildade, na real auto-aceitação de nossos limites e fragilidades. É despir-se do externo para centrar-se no próprio interno e assim religar-se ao Todo, ao Maior.
Vamos parar um pouco e refletir, com muita, mas muita calma:
- O que entendo por fé?
- Tenho fé em mim? O que é isso? Conheço-me e aceito como eu sou?
- Quais são as sensações da falta de fé em minha vida?
- Qual é a conseqüência da falta de fé, em mim e em minha vida?
- Porque acho tão difícil ter fé na providência divina?
- O que tenho feito efetivamente para desenvolver a fé?
Anote suas reflexões, seus medos, suas fragilidades, responda aos seus questionamentos, sem constrangimento ou auto-julgamento. Saia do medo e do complexo de sempre se sentir vítima das coisas.
Reflita calma e sinceramente e descubra a sensação da libertação das angústias, o aconchego da verdadeira certeza de não estar só; a independência, mas o abrigo, o apoio e o respeito palpáveis provenientes do Pai Maior.
Remova suas montanhas e seja feliz.
Mais feliz, muito mais feliz!
Boa sorte em sua vida nova!
Luz e Paz.
- Nota de Wagner Borges: Eda Cecília Marini é nossa amiga há muitos anos. É terapeuta e espiritualista. Trabalha com Aconselhamento Metafísico, Massagem Bioenergética e Florais de Bach. Participou do grupo de estudos e assistência espiritual durante vários anos. Ver outros textos dela postados nesta mesma seção de Convidados da revista on line de nosso site.
Uma das sensações que mais abalam o ser humano é a incerteza das coisas.
Elaboramos planos minuciosamente achando que, estando sob controle, tudo sairá exatamente conforme o imaginado.
Fatos, relacionamentos, carreira, casamento, negócios, dinheiro, enfim, idealizamos e imaginamos obstinadamente como queremos que aconteça, a cada passo.
Existem aqueles que, em nome de serem previdentes, já calculam até os possíveis resultados diferentes dos esperados, frente a hipotéticos intercursos no decorrer do processo.
E quando o resultado não tem o desfecho imaginado e tão exaustivamente calculado, provoca surpresa, estupor, desilusão, inconformismo, revolta e até depressão.
É quando “cai a ficha”: não existem certezas!
A única certeza que existe é que tudo está sempre mudando.
Claro que é preciso disciplina, ordem e planejamento na condução de um trabalho, de um procedimento, estudo, pesquisa, de uma vida, para que os melhores resultados sejam obtidos. O que seria do prédio se não houvesse um projeto bem feito para sua construção? Ou do paciente se o cirurgião não tiver seu caso estudado e planejado?
O que produz o choque e a angústia frente a resultados inesperados é a rigidez e as atitudes extremamente controladoras, que produzem a certeza absoluta da realização do imaginado.
Há certezas que conduzem à arrogância.
Certeza e arrogância tendem a formar uma liga altamente resistente a mudanças, sobretudo as inesperadas. Entretanto, o perigo é a estagnação.
A certeza arrogante nos faz esquecer de que vivemos em um universo em constante mutação, fator do contínuo processo de transformação. Esquecemos que a essência de nosso universo é a impermanência, e ela está em toda existência. Nenhum dia é igual ao outro. Nada é estável ou definitivo, e sim, tudo é efêmero e, portanto, relativo, estando num constante vir-a-ser...
Nada existe separado do contexto em que se situa, e a tendência é transformar-se quando o contexto se modifica. As coisas, portanto, não se definem pelo que seriam em si, mas sim pela rede de condicionamentos e relacionamentos ligados ao contexto.
No entanto, a arrogância, o egoísmo e a ignorância humanas levam o homem a alimentar a ilusão de que as coisas são perenes, imutáveis e de que ele detém o controle completo no desenrolar dos fatos. Nasce o apego, e sofremos porque projetamos nossa felicidade nos desejos de estabilidade e na certeza de que nosso controle é absoluto e inquestionável.
Que desilusão! Por não termos garantia em relação a nada na vida, a tão almejada “segurança” é pura ilusão!
O ser humano não pode mudar a natureza e a seqüência dos fatos em função de suas crenças, desejos e interesses, e por isso sente e experimenta a relatividade das coisas como algo indesejável, angustiante e cheio de sofrimento.
Insistimos arrogantemente em fazer somente do nosso modo, acreditando na estabilidade e permanência dos resultados. Negando esta transitoriedade, nossos apegos e desejos nos fazem repetir os mesmos erros.
É preciso soltar o controle, o apego à auto-imagem.
Isto não significa ficar ao léu, no descontrole, na inação ou omissão, mas sim confiar na sabedoria do Grande Desconhecido; acreditar que resultados diferentes dos cobiçados têm alguma finalidade que talvez ainda não tenhamos atinado; algum aprendizado a sair deste desafio.
Crer solidamente que situações inesperadas, difíceis ou conflitantes - geralmente assustadoras - não chegam por acaso, mas sim pelo desenrolar da vida e que, por isso mesmo, são lições de crescimento e amadurecimento pessoal.
O futuro nos atormenta, sobretudo porque é desconhecido.
Temos medo: medo de nos entregar à vida, da morte, mas, sobretudo, medo do viver.
E o medo paralisa: deixamos de correr riscos, negamos o novo, perdemos poder, a capacidade de reflexão, abrimos o coração à dúvida e à descrença; não nos entregamos a nada e assim deixamos de sentir a intensidade dos melhores momentos e sentimentos que temos.
Medo e fé são sentimentos opostos: enquanto um imobiliza, neutraliza, o outro é dinâmico, atuante. Um anula o outro, pois enquanto temos fé não sentimos medo.
Por entorpecer, enfraquecer e estagnar, o medo é negativo.
Já disse o grande Mestre Jesus: “A fé remove montanhas...”
Somos seres capacitados para observar, refletir e avaliar cada passo, cada sentimento e cada escolha, visualizando erros e acertos, definindo caminhos novos, conscientes dos riscos possíveis desses caminhos, pois viver é correr riscos, é aventurar-se.
Nada nos acontece se não estivermos prontos para isso. Portanto, a saída é enfrentar nossos medos, por mais assustadores que nos pareçam. Para isso a fé na providência do Universo é fundamental. Ela é nosso maior aliado.
Quando nos abrimos ao Universo em verdadeira entrega, entramos em sintonia com ele; deixamos o novo entrar e começamos a observar respostas generosas e compassivas deste mesmo Universo, as quais nos apontam soluções muito mais fáceis e possíveis e que antes não conseguíamos perceber.
Quando soltamos o apego, saímos da inflexibilidade da arrogância e entramos na modéstia de reconhecer nosso real potencial, limpamos mente e coração, e abrimos espaço para o potencial divino se manifestar com toda sua bondade e perfeição.
Diante disso tudo, alguém pode perguntar: “Se tudo caminha por si só, para que pensar, ou estabelecer metas?”
Ou então: “Onde fica minha vontade própria? Meu querer terá sempre que estar condicionado à vontade do Universo? Onde meu eu fica nisso? (Poderíamos acrescentar “meu ego”...) - Por que e para que serve minha inteligência?”
O Universo não se distrai manipulando bonecos, estabelecendo destinos ou ditando regras. Ele é extremamente flexível e paciente e entende que a evolução de nossas emoções, mente e raciocínio se dá somente através do bom senso e da lucidez adquiridos através da vivência.
A iluminação acontece através da experimentação – ensaio e tentativa - e o conseqüente amadurecimento. Só assim conheceremos todas as forças que temos ao nosso alcance, sentiremos nosso potencial em todas suas opções para sabermos escolher, valorizarmos o que merece e reformularmos o que não é verdadeiro ou funcional. E é parte fundamental neste aprendizado o exercício da confiança em si e no Todo do qual somos parte infinitesimal, mas nem por isso menos poderosa.
Conviver com a incerteza é a prática da verdadeira modéstia e humildade, na real auto-aceitação de nossos limites e fragilidades. É despir-se do externo para centrar-se no próprio interno e assim religar-se ao Todo, ao Maior.
Vamos parar um pouco e refletir, com muita, mas muita calma:
- O que entendo por fé?
- Tenho fé em mim? O que é isso? Conheço-me e aceito como eu sou?
- Quais são as sensações da falta de fé em minha vida?
- Qual é a conseqüência da falta de fé, em mim e em minha vida?
- Porque acho tão difícil ter fé na providência divina?
- O que tenho feito efetivamente para desenvolver a fé?
Anote suas reflexões, seus medos, suas fragilidades, responda aos seus questionamentos, sem constrangimento ou auto-julgamento. Saia do medo e do complexo de sempre se sentir vítima das coisas.
Reflita calma e sinceramente e descubra a sensação da libertação das angústias, o aconchego da verdadeira certeza de não estar só; a independência, mas o abrigo, o apoio e o respeito palpáveis provenientes do Pai Maior.
Remova suas montanhas e seja feliz.
Mais feliz, muito mais feliz!
Boa sorte em sua vida nova!
Luz e Paz.
- Nota de Wagner Borges: Eda Cecília Marini é nossa amiga há muitos anos. É terapeuta e espiritualista. Trabalha com Aconselhamento Metafísico, Massagem Bioenergética e Florais de Bach. Participou do grupo de estudos e assistência espiritual durante vários anos. Ver outros textos dela postados nesta mesma seção de Convidados da revista on line de nosso site.