INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TELEPATIA - Parte II

(Folhas do Outono)

É interessante lembrar que os padrões de comportamento ético, bem como a moral foram convencionados por um grupo cultural e dependeram do tipo de Filosofia ou de Religião, desencadeada a partir de uma Filosofia, predominante em cada época. Também dependeram dos interesses e dos acordos entre lideranças religiosas e governos em cada etapa da evolução social. É assim que às pessoas que apresentassem qualidades de percepção ligadas à leitura de pensamento ou de cura de doentes e enfermos foram taxadas de bruxos pelos chefes religiosos medievais impotentes para tais fenômenos. Foram afogados, mortos e queimados, como se fossem do mal, apesar de apresentarem o mesmo tipo de ação que Jesus, O Cristo, apresentou e que, em seu tempo, também foi morto por recomendação de sacerdotes.

Apesar dos surtos de estupidez humana serem ocasionais e temporais e repetidos, para o bem da humanidade o homem também tem a tendência de repetir comportamentos e experiências que de algum modo deram certo. "Se vós fizerdes o que digo que façam, coisas maiores do que estas que eu faço vós fareis" (Jesus, O Cristo). Assim, o homem observa e imita os mais idosos e os mais antigos naquilo que interessa, e havendo capacidade tenta ultrapassá-los, ou materialmente, ou intelectualmente, ou ainda em ambos os aspectos, dependendo dos seus valores básicos e de sua capacidade de percepção e de expansão de consciência.

A repetição de gestos, atitudes, palavras, ou "chavões" como frases feitas, gera automatismo e condicionamentos. Todo automatismo por um processo neurológico, poderá evoluir para um Estado Alterado de Consciência. A Neurolingüística estuda as alterações na fisiologia nervosa em função das palavras e a sugestibilidade conseqüente.

Um estado alterado de consciência pode ser entendido como "um estado de espírito", quando então, observamos alto grau de sugestibilidade e grande facilidade para registrar informações no nível do subconsciente, sem ter a devida análise crítica. Aproximadamente 75% das pessoas são sensíveis a esse processo. Destas, 25% são muito sensíveis e 3% extraordinariamente sensíveis. Estas últimas, quando bem treinadas e orientadas, podem ler pensamentos com facilidade, perceber fatos que ocorrem à distância, ter visões relativas a sua própria realidade, ou relativas à realidade de terceiros e até mesmo premonições. Os dotados costumam atribuir suas qualidades à "espiritualidade" pessoal e à religião que professam, ou ainda a alguma prática em particular associada a uma filosofia.

É comum observar essa fenomenologia onde haja danças ritualísticas, récitas e cânticos repetitivos, posturas repetidas com fixação de imagem (mandala) e repetição de sons (mantras), ou ainda relaxamentos prolongados seguidos de sugestões. Não importa qual a crença do indivíduo, a repetição continuada de preces estereotipadas, em introspeção, também gera estados alterados de consciência.

Somando-se esclarecimentos com treinamentos adequados, poderemos desenvolver hiperestesia, aumento de intuição, aumento da capacidade de concentração, de memória, de imaginação e criatividade, alívio de estresse, que em conjunto representam maior eficiência no trabalho, além de um reforço do Ego * que resulta em mais segurança pessoal, sem nenhum tipo de conotação religiosa. No entanto, os resultados práticos podem tornar a pessoa mais eficiente na religião que pratica, se pratica, ou quando pratica.


- Professor Alberto Dias – Atibaia, 2002.

* Nota de Wagner Borges: Para enriquecer a explicação sobre o ego, peço permissão ao prof. Dias para adicionar um pequeno adendo aqui no rodapé do seu texto.

O ego aqui citado é o mesmo que o EU, a identidade da consciência, a expressão pessoal de um Ser. Em outros contextos espiritualistas, notadamente em estudos iniciáticos ou iogues, o ego pode ser interpretado de forma negativa, como sendo o conjunto personalístico inferior de alguém. Daí, alguém diz: "Fulano está com o ego inflado e se acha o tal!" - Ou, "É preciso dissolver o ego para alcançar a realidade espiritual."

Nesse contexto, o ego é associado a arrogância e ao egoísmo, sendo os dois filhos diretos do personalismo inferior, que se acha o máximo e o centro do universo, sem a noção de interdependência criativa para além dos próprios interesses mesquinhos. Ou, melhor dizendo, para além do próprio umbigo.

No contexto em que o prof. Dias coloca o ego aqui, fica bem evidente que é no sentido psicológico mesmo, como a expressão pessoal da pessoa, que precisa ser reforçada para aumentar sua segurança em sua expressão como Ser no mundo. Ou seja, simplesmente aumentar a capacidade de concentração e melhorar a auto-estima para se expressar pessoalmente no mundo e nas relações humanas de forma consciente e madura.

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