DE VOLTA À LUZ

Que saudade dá na hora em que lembramos de quando éramos felizes.

Quando corríamos juntos pelo jardim e olhávamos o sol. Éramos alegres e vivíamos o mais belo da vida.

Mas um dia a nuvem negra do desespero bateu em nossa porta e não víamos mais o sol. Perdemos nossas esperanças.

Restava-nos apenas o quarto gelado e sombrio, a falta de comida e as grades.

Naquele momento o pedaço de corda e a cadeira soaram como único remédio para o nosso sofrimento, para nossas dores.

Não sabíamos que a escuridão continuaria em nossos corações, agora sedentos de vingança e justiça.

Onde pensávamos encontrar a misericórdia ou pelo menos a explicação do porquê de pessoas tão cruéis, encontramos a nós mesmos, tão cruéis quanto eles.

Após tantos anos tentando fazer justiça nos esquecemos do sol.Esquecemo-nos do valor de um olhar carinhoso, do valor de um toque amigo em nossa face.

Às vezes nos encontrávamos em grupos que faziam trabalhos dignos, e lá no íntimo percebíamos que algo dentro de nós mudava; Mesmo não querendo olhar para aquilo, no nosso interior percebíamos a mudança que acontecia em nosso ser, uma espécie de saudade de alguém que um dia já fomos, de sentimentos que um dia nos permitimos deixar de sentir.

Não sabíamos que aquele seria o caminho brilhante para vermos o sol que se abria dentro de nós novamente.

Aquelas pessoas emanavam ondas de amor e carinho, por pessoas que não conheciam, que nem mesmo viam.

Aquelas ondas de sentimento encontravam sintonia em nosso ser, despertando sentimentos adormecidos apagados na escuridão de nosso ódio.

Hoje, vemos novamente o sol.

Um dia tentaremos chegar mais perto dele, mas por enquanto já é o bastante ter por perto tantas pessoas brilhantes. Pessoas que iluminam e que não deixam seu ódio, sua raiva, sua tristeza predominarem em suas vidas, se tornando, assim, referência para os que se deixaram enganar pela ilusão de suas emoções densas.

Hoje vemos o sol, ou melhor, vemos vários sóis que iluminam, brilham, e irradiam pelo brilho de seus chacras, que portam a luz de seus sentimentos nobres.

Hoje conseguimos enxergar o sol!

Obrigado, e até mais.


(Recebido espiritualmente por Vanderlei Oliveira)

- Nota de Vanderlei Oliveira:
Recebi esse texto no meio do trabalho, estava em uma reunião, com outros professores de Ioga, conversando e acertando pontos administrativos como os de qualquer empresa, e de repente, esse espírito apareceu e me tocou completamente, por sua dor e gratidão.
Guardei esse texto, pois achei que ele poderia gerar algum tipo de tristeza ou sintonia estranha nas pessoas. Mas hoje me deu muita vontade de postá-lo aqui.
Ficou um texto, em muitos pontos, de certa forma vago, pois enquanto essa entidade me passava mentalmente essas palavras, ela ia me mostrando imagens daquilo que havia passado junto com outras pessoas.
Uma consciência que teve uma vida como escravo negro, um dos primeiros, daqueles que foram capturados na África e depois levados, e que fora bastante maltratado, a ponto de gerar muita revolta, que descobriu no suicídio coletivo a única saída para tentar se libertar do sofrimento, e quando do lado de lá, ele e seus amigos viveram a intensidade de sua revolta e sua dor.
Ele apareceu e me passou esse texto como uma forma de gratidão, pois eles foram ajudados por grupos de assistência espiritual a reencontrar sentimentos luminosos dentro de si mesmos, novamente, aprendendo o perdão.
Esse caso mostra o quanto, mesmo com muitos defeitos, muitos tentam ainda se espelhar e pegar carona em nossas qualidades, mesmo que ainda com falhas, mas ao menos não predominantes.
Um grande abraço a todos.

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