SERMÕES EM VERSO - por Swami Vivekananda
Deixai que se ofusque o olhar.
Deixai que o coração desfaleça.
Deixai falhar a amizade, o amor atraiçoar
E que do Destino um cento de horror apareça.
Que a escuridão coagulada bloqueie tua senda
E ponha cara zangada a inteira natureza.
Deixai que tudo esteja para destruir-te. E pensa.
E sabe, entretanto, minha alma, com certeza,
Que Tu és Divina. Marcha, pois! Adiante!
Sem para esquerda ou direita desviar,
Para frente, buscando a meta alcançar!
Aquele que a miséria atreve-se amar
E a forma tétrica da Morte pode abraçar Dançando, na destruição, a dança bela
A ele, a Mãe se revela.
Se do sol a nuvem esconde apenas a fração.
E o firmamento triste está.
Mantém-te firme, no entanto, bravo coração,
A vitória certamente chegará.
Não vem depois do inverno, o cálido verão?
Cada vazio despede gigantesca vaga,
E misturam-se ambos em luz e escuridão.
Sê firme, pois, e deixa a mágoa.
Os deveres da vida amargos são
E seu prazer fugaz e pobre.
A meta, coberta está de escuridão
Prossegue até ela, alma nobre.
Caminha com força, com sofreguidão.
Sê ousada! Une-te a ela. Que passe
A momentânea e rápida visão.
Ou, se não, sonha sonhos de maior talho,
Sonhos de Amor Eterno e Livre Trabalho.
Quebra teus grilhões! Os laços opressores rompem,
De brilhante ouro ou de minério impuro,
Amor e ódio – bem e mal – toda a corte dual.
Sabe, escravo é escravo, sempre, amado ou de destino duro
E cadeias, de ouro embora, prendem igual.
Diz: A todos, paz. De mim
Nenhum perigo a toda criatura,
Menor que seja.
A Verdade jamais deve ser esperada
Ali onde a luxúria, a fama
E a avidez de ganho tem sua morada.
Esvaia-se tua vã submissão ao Conhecimento.
Diluam-se tuas preces e oferendas,
E tua capaz firmeza, num momento.
Pois só o Amor inegoísta é refúgio e senda,
Ó inseto, ensina, abraçando a chama.
Fórmulas de adoração, controle do alento,
Ciência, sistemas vários, Filosofia,
Requinte de gosto e tudo e ouro
São ilusões fatais da mente, tão vazia.
Amor, Amor – é só a força, o único tesouro.
(Texto extraído do livro "Assim Falou Vivekananda" – Ed. Vedanta.)
* Swami Vivekananda (1863-1902): Discípulo de Paramahamsa Ramakrishna.
Deixai que o coração desfaleça.
Deixai falhar a amizade, o amor atraiçoar
E que do Destino um cento de horror apareça.
Que a escuridão coagulada bloqueie tua senda
E ponha cara zangada a inteira natureza.
Deixai que tudo esteja para destruir-te. E pensa.
E sabe, entretanto, minha alma, com certeza,
Que Tu és Divina. Marcha, pois! Adiante!
Sem para esquerda ou direita desviar,
Para frente, buscando a meta alcançar!
Aquele que a miséria atreve-se amar
E a forma tétrica da Morte pode abraçar Dançando, na destruição, a dança bela
A ele, a Mãe se revela.
Se do sol a nuvem esconde apenas a fração.
E o firmamento triste está.
Mantém-te firme, no entanto, bravo coração,
A vitória certamente chegará.
Não vem depois do inverno, o cálido verão?
Cada vazio despede gigantesca vaga,
E misturam-se ambos em luz e escuridão.
Sê firme, pois, e deixa a mágoa.
Os deveres da vida amargos são
E seu prazer fugaz e pobre.
A meta, coberta está de escuridão
Prossegue até ela, alma nobre.
Caminha com força, com sofreguidão.
Sê ousada! Une-te a ela. Que passe
A momentânea e rápida visão.
Ou, se não, sonha sonhos de maior talho,
Sonhos de Amor Eterno e Livre Trabalho.
Quebra teus grilhões! Os laços opressores rompem,
De brilhante ouro ou de minério impuro,
Amor e ódio – bem e mal – toda a corte dual.
Sabe, escravo é escravo, sempre, amado ou de destino duro
E cadeias, de ouro embora, prendem igual.
Diz: A todos, paz. De mim
Nenhum perigo a toda criatura,
Menor que seja.
A Verdade jamais deve ser esperada
Ali onde a luxúria, a fama
E a avidez de ganho tem sua morada.
Esvaia-se tua vã submissão ao Conhecimento.
Diluam-se tuas preces e oferendas,
E tua capaz firmeza, num momento.
Pois só o Amor inegoísta é refúgio e senda,
Ó inseto, ensina, abraçando a chama.
Fórmulas de adoração, controle do alento,
Ciência, sistemas vários, Filosofia,
Requinte de gosto e tudo e ouro
São ilusões fatais da mente, tão vazia.
Amor, Amor – é só a força, o único tesouro.
(Texto extraído do livro "Assim Falou Vivekananda" – Ed. Vedanta.)
* Swami Vivekananda (1863-1902): Discípulo de Paramahamsa Ramakrishna.